Fecho os olhos e vejo uma menininha frágil, uma criança, aquela que ainda sonha em ir para a “ Terra do Oz” em um balão desordenado, uma menina que brinca e cuida de uma boneca como se ela tivesse vida, talvez pra ela, algum dia, aquela boneca velha poderia viver. E agora, vejo ela feliz mostrando aos pais um desenho que acabara de fazer, retratando a imensa vontade de ter um irmãzinho, os pais se olham por alguns instantes, e ambos se emocionam e refletem. Anoitece e a mãe da menininha vai prepara-la para dormi, e quando ela se deita em sua cama e a mãe a olha, ela fica calada observando sua mãe e enfim diz:
- Mãe, como a senhora é bela, quero ser assim também quando crescer.
- Você é filha, você é linda. – responde a mãe.
Finalmente ela dorme e as luzes se apagam.
Abro os olhos, por um instante, e o desejo daquilo tudo ser real é inexplicável. Quem não queria viver de um sonho?
Bem, o dia passa e volto a dormir, na esperança de sonhar com aquela garota novamente. E finalmente começo a sonhar, e por incrível que pareça, agora vejo a cidade e a casa da menininha, é ela tem quer ser, mais está tudo tão escuro e frio. A porta da casa se abre devagar, e lá no fundo da casa, dentro do quarto está a menina, em frente a tela de um computador, e não desgrudava dele. Nem parece ser mais aquela menininha, mas é ela eu tenho certeza. Só que agora aquela menina já não acredita mais na “ Terra do oz”, o único mundo que ela deseja ir agora é para qualquer um que ela tenha paz. Em seu quarto totalmente bagunçado, em cima do guarda-roupa, está aquela boneca que a menina amava tanto, a boneca que acompanhou tudo o que acontecera em sua vida, que agora pra ela não vale nada.
A menina se levanta e anda pela casa, e vai olhar seus irmãos mais novos que agora ela tem. Daí o pai dela chega bêbado brigando por tudo e com todos, principalmente com ela, isso sem ter um mísero motivo. Ela sai depressa e corre pro quarto, onde se joga na cama e não para de chorar de tanta angústia, começa a pensar naquilo tudo que está acontecendo e o pior é que ela não tem nem com quem conversar, nem um colo pra chorar, e a angústia aumenta cada vez mais e pra ela tudo está perdido, ela tem a casa pra arrumar, os irmãos pra cuidar, provas pra estudar, e um pai alcoólatra cheio de dívidas e não quer saber dos sentimentos da filha, muito menos das necessidades. Com tanto desespero ela procura uma fuga e olha para cima do guarda-roupa, onde está a boneca que ela já nem lembrava mais, ela a pega e abraça, só assim se sente menos sozinha, e cai em sono profundo.
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